O bairro de Troino é um dos bairros mais castiços da cidade de Setúbal e foi provavelmente nele que nasceu a pronúncia denominada "Charroca" (acentuação nos RRs) . Este bairro era habitado principalmente por pescadores provenientes do Algarve.
Os pescadores de Troino, eles caracterizam-se pelo seu porte altivo, desdenhoso e um pouco desordeiros. Vestiam camisolas fortes, barretes grossos, calças de serrubeco, cinta preta, grandes botas altas de cabedal até cima dos joelhos e cujas solas são de madeira, grandes meias de lã dentro delas, e no dia de vendaval usavam um fato oleado e um chapéu de nome "sueste", mostrando então como se vestiam e se posicionavam os homens do mar.
Quanto às mulheres, trajavam saias compridas e rodadas, blusas iguais ou cor diferente, um avental que acompanhava o comprimento da saia, lenço na cabeça e muitas ainda punham o lenço de cambraia e capote
A sua pesca era diversificada pois as suas redes e barcos possuíam peixes de diferentes espécies, sendo no entanto muito abundante a sardinha. Durante longos anos, conservaram uma característica especial de um antigo tipo de pescadores setubalenses. "Enchiam" o rio com as suas lanchas, canoas, galeões e buques.
Os pescadores, pessoas supersticiosas, que contavam lendas de bruxedos, de almas de outro mundo e também mouras encantadas. Entoavam os seus cantares pelo mar fora; lançavam as redes e recolhiam-nas, com um movimento, uma maneira muito própria, com algumas toadas. Quando descansavam, faziam trovas na viola.
O descarregador do peixe usava calças de ganga até aos joelhos, corda com nó corredio para as segurar, casaco de ganga com algibeiras, camisa de quadrados desabotoada, lenço vermelho na cabeça, copa de chapéu de feltro por cima do lenço, grande chapéu de lona redondo, de abas largas e altas, pintado de qualquer cor, com desenhos de peixes e barcos. Um pormenor interessante é o terem por cima do chapéu uma rodilha onde equilibram a canastra de peixe. Uma particularidade também interessante é o facto de todo o peixe que cai da canastra para dentro da aba do chapéu, visto o corpo balançar, ser pertença do descarregador.
O Círio da Arrábida é uma festividade de carácter religioso, realizada por pescadores do bairro de Troino em honra de Nossa Senhora da Arrábida.
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