Foto encontrada na Vila Maria por Luís Gama, em 1977. Largo da Sapal, actual Praça Du Bocage.
A ocupação deste espaço, hoje denominado Praça de Bocage, foi alvo das atenções dos povos que por esta região passaram, tendo em consideração a sua excecional localização junto ao rio Sado. Os romanos instalaram aqui, no século I da nossa Era, uma fábrica de salga de peixe que esteve ativa durante cerca de dois séculos.
Só alguns séculos depois, no período da reconquista Cristã, a ocupação deste espaço deixou marcas para os vindouros. Com a conquista dos castelos de Palmela e Alcácer do Sal, que ficavam sob jurisdição da Ordem de Santiago, processou-se o repovoamento das terras junto ao rio Sado, que, dada a sua situação privilegiada, se desenvolveram rapidamente. Então, com a construção da Igreja de São Julião, o seu adro, junto às ruínas da antiga fábrica romana, definiu o esboço do futuro Largo do sapal. Antigo porto para embarcações de pesca, como alguém referiu? Se tal acontecera, as muralhas trecentistas puseram-lhe fim, obviamente. No século XV, por junção de várias casas encostadas a esse lanço sul da muralha, veio a formar-se o Paço do Duque, que ocupava uma área desde o Palácio do Governo Civil, até quase à Igreja de São Julião, fechando a passagem para os terrenos junto ao rio.
O aludido lanço de muralhas ter-se-ia mantido de pé até ao ano de 1835. Dentro da muralha estava localizado o picadeiro do Paço. Por uma Portaria de 31 de dezembro de 1835, o terreno do picadeiro do Paço foi cedido à edilidade para a realização de obras destinadas a melhorar a Praça do Sapal. Foi então que se demoliu o pano de muralha que separava a praça dos terrenos frente ao rio Sado.
O perímetro da parte norte da praça começou a definir-se ainda no século XV, com a instalação da fonte, abastecida pelo aqueduto mandado construir por D. João II, em 1487. A fonte situar-se-ia no centro da praça, mas, em 1533, ao serem construídos os Paços do Concelho, D. João III mandou que a fonte se deslocasse para a frente dos mesmos. Foi então que se iniciaram as obras de alargamento da praça, subordinadas a traçado próprio. Foram demolidas várias casas na parte norte e na parte ocidental para dar mais espaço ao largo, revestido agora de uma importância muito especial.
Na praça viviam personalidades ilustres, tais com o o vedor da fazenda Nuno Fernandes e o físico do Mestre da Ordem de Santiago.
Até ao século XIX, o centro da praça teria sido um terreiro, realizando-se enterramento no adro da igreja, ao longo dos séculos XVII e XVIII, como provaram escavações ali realizadas.
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