Portas quinhentistas

Para rogar proteção divina, as pessoas mandavam construir nas suas casas portas mais ou menos ornamentadas. Isso dependia da habilidade e saber do mestre canteiro, das possibilidades financeiras de quem encomendava a sua construção e das graças que desejava alcançar.

Rua da Brasileira nº 33

Esta porta tem, a meio do lintel (peça dura que assenta nas ombreiras e constitui o acabamento da parte superior de portas e janelas), um entalhe apontando para uma pequena flor crucífera: flor que simboliza Cristo.
Sendo assim, é evidente que esta familia rogava a proteção de Jesus Cristo.


Rua Arronches Junqueiro nº 25

Aqui o lintel da porta tem três entalhes a marcar a presença da Santíssima Trindade.
Este entalhe (pequena variante da figura vista nos grandes portais e janelões de alguns templos) é o entalhe mais utilizado neste tipo de portas, chegando, até, a ser empregue em portas interiores, talvez na fé de que passando por debaixo destes símbolos, a pessoa se colocava sob a proteção da Santíssima Trindade.


Rua de Santa Catarina nº 14

Numa calota esférica que lhe está por debaixo, tem uma rosa, simbolizando a Virgem Maria.
É evidente que os residentes desta casa, além de rogarem a proteção da Trindade, rogavam também a proteção da Virgem Maria.



Travessa de S. José nº 3 e nº 5

As pessoas de Setúbal sabem que na parte antiga da cidade, junto a uma porta estreita há, quase sempre, uma mais larga.
A estreita dava acesso ás escadas que subiam para o andar superior, onde viviam as pessoas. A porta larga, dava acesso ao rés-do-chão, onde ficava o armazém, loja, etc.
Na travessa de S. José, o nº 3 corresponde à porta estreita, e o nº 5 à porta larga.
Esta porta tem, no lintel, os três entalhes da Trindade e, por debaixo, três rosas representando três Virgens Marias. Pediam, assim, a proteção da Trindade e da Virgem Maria.
Na nº 3 , porta estreita, além da Trindade há também uma rosa na calota esférica, representando a Virgem e, ao lado, na chanfradura (Corte em forma de semicírculo) da pedra, há mais uma pequenas rosas simbolizando o amor.
Devemos pensar que, nesta porta, o dono invocava à Santíssima Trindade e à Virgem o amor celeste.


Rua Dr. António Joaquim Granjo nº 46

No lintel, sobre os entalhes da Trindade, há uma pequena flor crucífera simbolizando Cristo. Na calota esférica e em toda a chanfradura da pedra até ao chão, há algumas flores simbolizando amor e ínicio de vida, havendo também algumas pinhas, símbolo de perpetuação e fecundidade.
Os donos desta porta, ao mesmo tempo que pediam a perpetuação do amor da Santíssima Trindade, reforçando até a presença de Cristo com aquela flor crucífera; com a associação das várias flores e pinhas pediam também, a graça da fecundidade.
 

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